Tradicional equipamento de segurança para práticas esportivas aquáticas, a máscara de mergulho foi adaptada para ser mais um instrumento de tratamento ao novo coronavírus. O equipamento passou por adaptação para se transformar em uma terapia não invasiva e nove itens foram doados à Santa Casa de São José dos Campos pela ONG Expedicionários da Saúde. Na região do Vale do Paraíba, o hospital filantrópico foi o único a fazer parte da distribuição das doações.
“Essas máscaras auxiliam a equipe a realizar ventilação mecânica não invasiva de forma mais segura, proporcionando mais segurança ao paciente e à equipe, porque geram menos aerossóis.”, explica a supervisora da equipe de fisioterapeutas da Santa Casa de São José dos Campos, Dra. Tania Ueb Machado Klug. “Além disso, por meio dessa técnica, ocorre uma melhora da oxigenação pulmonar, podendo evitar, assim, que o paciente seja submetido à intubação orotraqueal, que é um procedimento mais invasivo e em que o paciente corre mais riscos”, completa.
Uma das etapas do tratamento da Covid-19 é a intubação, processo onde é colocado um tubo pela garganta do paciente para que ele possa ser conectado a um respirador. Para evitar esse método mais invasivo, a máscara é acoplada no ventilador, gerando uma pressão positiva para o paciente inalar e soltar o ar. Dessa maneira, o paciente fica respirando por um ventilador, mas não por um tubo e sim por uma máscara. A versão adaptada reduz em até 40% a necessidade de os pacientes serem intubados.
O tratamento de ventilação mecânica não invasiva, do qual as máscaras são utilizadas, consiste em potencializar a emissão de oxigênio para dentro da máscara devidamente vedada e, ao mesmo tempo, liberar o gás carbônico produzido pelas pessoas.
A ideia de adaptação da máscara foi baseada em um projeto similar feito na Itália. A diferença do modelo brasileiro está na válvula que serve como adaptador da máscara à fonte de oxigênio, feita através de uma impressora 3D, proporcionando vedação ainda maior do que a italiana. Isso impede a saída do novo coronavírus, reduzindo o risco de contaminação dos profissionais que estão tratando o paciente.
Cerca de 2.800 máscaras de mergulho foram doadas pela empresa francesa Decathlon, especializada em venda de material esportivo. Ao perceber que as máscaras poderiam ter finalidade de tratamento, o CEO da empresa no Brasil contatou um parceiro que pudesse viabilizar a adaptação dos equipamentos e distribuição para os hospitais, função que ficou a cargo da ONG Expedicionários da Saúde, com apoio de desenvolvedores do Centro de Tecnologia de Inovação (CTI) Renato Archer, em Campinas.
Além da Santa Casa de São José dos Campos, as doações contemplaram mais de 50 hospitais brasileiros.
