Mês de julho é marcado por campanha de luta contra as hepatites virais
Neste mês, a campanha Julho Amarelo marca a conscientização para a prevenção das hepatites virais – 28 de julho foi instituído pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como o Dia Mundial de Luta contra o problema. A mais grave delas, a hepatite C, é o principal motivo de transplantes de fígado e, em 12 anos, foi a causa de 33% dos procedimentos realizados na Santa Casa de São José dos Campos, referência no Vale do Paraíba em transplante hepático.
A enfermidade é causada pelo vírus C da hepatite (HCV) e pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo esta segunda a forma mais comum. Caracteriza-se por uma inflamação no fígado, sendo transmitida pelo contato com o sangue contaminado. Na maioria dos casos, o diagnóstico é tardio, pois a doença se manifesta de forma lenta, levando o paciente a descobrir que é portador do vírus anos após ser contaminado.
Estatísticas alertam que as hepatites são um grande problema da saúde pública, principalmente a hepatite crônica C: são cerca de 2 milhões de infectados por ela, entre 60% e 85% dos casos se tornam crônicos e 20% podem evoluir para cirrose hepática. Dados do Ministério da Saúde, do ano passado, mostraram que cerca de 500 mil pessoas estão infectadas pelo vírus da hepatite C.
A cirrose por hepatite crônica por vírus B ou C é uma das principais situações que necessitam de transplante, explica o coordenador do setor de transplantes da Santa Casa de São José dos Campos, Jorge Padilla. “A cirrose hepática, dano irreversível das células hepáticas, é a condição mais frequente que leva ao transplante hepático e ocorre quando a anatomia normal do fígado é substituída por tecido de cicatrização, o que deteriora a função hepática”, fala.
A agressão do vírus eleva ainda o risco de células se multiplicarem desordenadamente, dando origem a um câncer de fígado, o que aconteceu com o primeiro transplantado da Santa Casa de São José dos Campos, o representante comercial Lino Francisco Faccina, 60 anos, morador de Atibaia. Os sintomas de que algo não estava bem começaram em janeiro de 2009, quando ele começou a sentir perda de força em atividades corriqueiras que, até então, desempenhava bem. “Em fevereiro, durante o Carnaval, não tinha forças para carregar um boneco que construí para brincar. Na quarta-feira de Cinzas, fui ao hospital e, fazendo exames, verifiquei que tinha uma situação muito grave no fígado”, lembra. “Não tinha força, resistência física e isso tudo porque o meu fígado estava muito comprometido. No teste, veio o resultado da hepatite C”, completa.
O problema desencadeou um câncer e Lino aguardou na fila de espera por um novo fígado por 79 dias. “O fígado é uma glândula, não dói, então você nunca percebe que ele está sendo atacado pelo vírus da hepatite, a doença pode ficar dentro de você durante 30, 40 anos, sem se manifestar. Hoje, dissemino muito a realização do exame para saber se tem hepatite C, pois descobrindo precocemente, cirurgias mais complexas, como o transplante, podem ser evitadas, “salienta Lino.
O SUS (Sistema Único de Saúde) disponibiliza gratuitamente para a população o teste rápido para hepatite. O resultado sai em 30 minutos e qualquer pessoa pode solicitar. Além dos testes, o SUS oferece vacina para hepatite A e B.
SINTOMAS
Os sintomas mais comuns das hepatites virais são mal-estar geral se assemelhando a um quadro viral, falta de apetite, perda ou diminuição da força física, febre, icterícia (olho amarelo) e colúria (coloração escura da urina).
PREVENÇÃO
Como não existe vacina contra a hepatite C, o único método de se prevenir contra a doença é tomando alguns cuidados básicos como:
– Usar preservativo nas relações sexuais;
– Não compartilhar seringas e agulhas que não sejam descartáveis;
– Não compartilhar objetos pessoais, como alicates e lâminas de barbear;
– Ao frequentar barbeiros, consultórios odontológicos ou tatuadores, fique em alerta na higiene dos utensílios e produtos.
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